terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Meu calendário ideal - preâmbulo

Em tempos de campeonato mundial de clubes em que a imprensa desce o malho no nível técnico inicial da competição por colocar no mesmo saco um estrelado Barcelona e uma equipe semi-profissional como o Auckland, da Nova Zelândia, acho legal gastar algum tempo falando sobre aquilo que eu acharia ideal para o futebol mundial. Quem sou eu? Ninguém além de um apaixonado seja pelo alto garbo do esporte disputado quadrienalmente em Copas do Mundo ou anualmente em campeonatos de alto nível e por partidas entre os alternativos, os desconhecidos, os marginais. E digo. Nada é mais saudável do que a mescla entre os dois níveis.


Pra começo de conversa e desmontando a tese dos elitistas da bola que defendem um mundial entre o campeão da América do Sul e da Europa, como era nos moldes antigos, é preciso lembrar que a Copa do Mundo, disputada desde 1930, levou trinta e três anos pra ver uma seleção asiática surpreendendo o mundo quando a Coréia do Norte venceu a Itália e quase desbancou Portugal de Eusébio na Inglaterra, além disso, levou quarenta e oito anos pra ver a Argélia ser o primeiro país africano a vencer na Argentina e cinqüenta e seis pra ver o Marrocos ser a primeira equipe africana a se classificar para as oitavas de final, no México. Ou seja: com o andamento dos anos, equipes menos visadas passaram a ser surpresas e despertaram cuidados dos principais centros. Hoje, é consenso que um grupo com Costa do Marfim e Portugal não é tão barbada quanto imaginariam os corneteiros de trinta anos atrás.


Mas se isso é fato por se aplicar a seleções cujos grandes astros jogam na Europa em campeonatos competitivos e em clubes de ponta, não menos verdadeiro é que clubes de outros centros possam, com o tempo, emparedar os golias. Todo torneio que mescla a fina classe do futebol com sua arraia-miúda tem suas surpresas. Quando e quem alguém podia imaginar que a LDU, do distante e subestimado Equador, bateria o Fluminense numa final continental? Uma não, duas. Isso se deve à troca, ao aprimoramento, à melhora. E nada fortalece mais o fraco do que enfrentar o forte. No Mundial de clubes deste ano tivemos, já, uma agradável surpresa ao ver o já citado Auckland vencer o time dos Emirados Árabes. Se não é lá algo pra contar pela vida inteira, vale o mérito de bater uma equipe de xeiques endinheirados que trazem para suas canchas grandes nomes já em final de carreira. O time neozelandês, por sua vez, é composto por profissionais de outras áreas que batem sua bolinha no final da tarde em partidas que valem um campeonato nacional.


As semifinais do Mundial de clubes começarão hoje com o Pohang Steelers, da Coréia do Sul, enfrentando o Estudiantes da Argentina e se fina amanhã com o Atlante mexicano medindo forças com o Barcelona. A tendência, claro, é que os europeus e sul-americanos se classifiquem, mas o futebol é sensacional pela sempre possibilidade do improvável. Deixemos que a fórmula do Mundial seja esta para que tenhamos surpresas futuras. Mas, também, divaguemos sobre como seria o calendário perfeito para clubes e seleções. A partir de amanhã e até sexta, discorrerei melhor sobre o tema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário