terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Chove chuva

Coisa feia o que acontece em São Paulo. Ia escrever alguma coisa, mas o texto do Flavio Gomes fala por mim e de forma mais completa.


GIRA MONDO, GIRA


SÃO PAULO (blogar, hoje?) – Semana passada, tivemos um dia de chuva muito forte em São Paulo. Quinta, acho. Morreram 13 pessoas na região metropolitana. Deslizamentos, casas que desabaram, barracos soterrados. Hoje, depois de 10 horas de chuvas (fracas; não houve temporal algum), a cidade está parada. Já morreram mais duas pessoas. O rio Tietê, que não transbordava fazia um bom tempo, transbordou. Há uma explicação lógica. O genial governador, junto com o genial prefeito, decidiram ampliar as pistas da Marginal. Para quem não conhece, é a via expressa que acompanha o esgotão que chamam de rio.


Tiraram as “ilhas” gramadas, que bem ou mal ajudavam a drenar a água da chuva. Com mais asfalto, é óbvio que a água vai para o rio, que transborda. Não precisa ser engenheiro para entender isso. “Ah, mas precisa melhorar o trânsito nas marginais!”, dirá alguém.


Claro. Para isso, é preciso tirar os caminhões de lá. E transferi-los para o Rodoanel, que está sendo construído há anos, mas nunca termina. Entre outras coisas, porque as vigas dos viadutos desabam sobre as estradas, porque as construtoras contratadas usam material de quinta categoria.


São Paulo não resiste a uma chuvinha. E o prefeito-quibe quer fazer uma corrida de Indy aqui. Para ser mais preciso, aqui. É bom que as pessoas de fora de SP vejam estas imagens, para entender o que eu quero dizer quando digo que uma corrida de rua numa cidade como esta é inviável, só serve como ação eleitoreira, não tem nenhum sentido.


Vivemos numa cidade e em um Estado cujos governantes podem se orgulhar de ter realizado, como grandes obras, a proibição de outdoors e nomes de lojas nas fachadas, o fechamento dos puteiros, o veto aos ônibus fretados e ao cigarro em bares e restaurantes. É tudo que fizeram nos últimos anos.


O serviço de varrição é precário, o lixo boia nos rios e entope os bueiros, o asfalto é uma merda, a segurança não existe, mas as verbas de publicidade do governo municipal estão garantidas e vão aumentar bastante em 2010, assim como o IPTU. O prefeito é do partido do Arruda, o governador do Distrito Federal, aquele que recebe e distribui maços de dinheiro praticamente em tempo real, com câmera “on-board”. A imprensa daqui (jornais e as maiores revistas semanais do país, editadas na cidade, além das emissoras de TV e rádio, que têm muita publicidade da Sabesp, por exemplo, empresa do Estado que fornece água, nunca entendi por que faz propaganda, se não tem concorrente) poupa todo mundo. Afinal, ano que vem tem eleição.


São Paulo, hoje, cidade e Estado, é a síntese do Brasil que dá errado. Que, na verdade, não quer dar certo, rema contra a maré do resto do país, especialmente o Nordeste, que cresce, mostra prosperidade e vontade de melhorar. Porque se as coisas vão mal aqui, dá-se um jeito de culpar quem não tem culpa, piora-se o humor de uma população mal-humorada de nascença, ranzinza, conservadora, que não se conforma com os rumos que o Brasil está tomando. Não se conforma porque saiu do comando, e como é que pode, sem os valentes acadêmicos paulistas no comando, um país dar certo?


São Paulo é masoquista, invejosa e ressentida. Agora, que aguente. Debaixo d’água.

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