quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Fogo que se apaga

Caraca, acabei de ler a notícia do fim do Cordel do Fogo Encantado, um dos grupos mais originais da música brasileira, algo que não era rock, mas fugia um pouco da MPB misturando guitarras com percussões lascadas e muita mistura de música regional nordestina com temas mais místicos e sociais. O Lirinha, vocalista do grupo e compositor de várias letras, é um poeta digno do nome. O Cordel do Fogo Encantado se encaixa naqueles grupos da nova geração que deram um respiro de criatividade à nova música brasileira, a qual inclui, também, O Teatro Mágico e o Móveis Coloniais de Acaju. Eles fazem o tipo de música que a crítica dita especializada dizia ser dos pseudo-intelectuais. Talvez seja mesmo, essa mesma crítica diz que Ivete Sangalo é o futuro da música brasileira, é melhor que se parta logo pra luta armada, pelo menos na música. Não era popular, mas não era inacessível, apenas era diferente. E era muito bom.


O fato é que um desses grupos, talvez o melhor deles, acabou. O Cordel do Fogo Encantado, mais que música, era uma coisa indescritível ao vivo. Fui num show deles em 2007, logo que o SESC resolveu fincar estacas em solo prudentino. O show, eu lembro, foi num domingo à noite, o que é raro nesta cidade. Foi uma apresentação sensacional. A presença de palco dos pernambucanos de Arcoverde era simplesmente fenomenal, uma coisa quase circense com três percussionistas fazendo um barulho que tremia o chão.


Aliás, o Cordel eu conheci numa das circunstâncias mais improváveis pra se conhecer um grupo musical: Numa aula da faculdade. Estava eu no quarto ano do famigerado curso de geografia quando um colega, ao apresentar seu trabalho sobre cultura nordestina cujo tema era a música, depois de arrolar mitos como Luiz Gonzaga nos apresentou um grupo que era a nova geração da música da região e dosava o lado regional com o moderno. Logo uma outra amiga, pernambucana, que conhecia mais do grupo já famoso no Estado, mandou-me uma cópia de um CD deles, homônimo. Simplesmente genial.


Lirinha diz que quer seguir novas trilhas. Espero que essas novas trilhas sejam próximas às quais ele abriu com o Cordel. Seria decepcionante ver um cara como ele, talentoso e articulado, lido, fazendo musica pra FM. Fica aí uma das minhas músicas prediletas do grupo e também a declamação de um cordel, Jesus no Xadrez. Breve história, muito bem escrita, pena que pouco divulgada.






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