sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mais uma baixa

Vixe, acabei de ler que o Charles Gavin, por motivos pessoais, se afastou dos Titãs. No seu lugar, Mario Fabre assume as baquetas. Não conheço o moço.


Charles entrou nos Titãs ainda no começo da banda substituindo André Jung, que foi para o Ira! e seguiu com a banda por quase toda sua carreira. Seus projetos paralelos envolviam a fantástica cruzada de produzir e remasterizar e relançar digitalmente discos antigos. Um dos seus “produtos” foram os dois discos do Secos e Molhados, grupo que lançou Ney Matogrosso nos anos 70. Um projeto maravilhoso que só um cara realmente apaixonado por música poderia encampar.


Pessoalmente, reputo que os Titãs virou uma banda zumbi, daquelas que perdeu coração, cérebro e alma. A alma se chama Arnaldo Antunes e foi o primeiro a deixar a banda virando um artista do solo de qualidade comprovada, mas um tanto inacessível para as massas. O cérebro se chamava Marcelo Frommer, que morreu num acidente. O coração se chama Nando Reis, melhor compositor do grupo e o de projetos solo mais bem sucedido. Tanto que entre seguir com a banda e seguir sozinho, optou pela coluna dois. Não tem o mesmo brilho dos tempos com o grupo, mas se segura. Quem sobrou, Branco Mello, Paulo Miklos e Sergio Brito nas vozes; Toni Belloto na guitarra e Charles Gavin na bateria, fazia um trabalho honesto, mas inegável aos velhos fãs do grupo que a coisa estava esvaziada. Ano passado, eles lançaram o bom disco Sacos Plásticos, mas que está longe de qualquer obra razoável dos anos 80 e há anos-luz de clássicos como Cabeça Dinossauro.


Com a saída de Charles, penso que seria mais digno seus colegas colocarem um ponto final na instituição Titãs. O grupo é um dos únicos sobreviventes da primeira geração de bandas de rock surgidas no começo dos anos 80 ao lado dos Paralamas do Sucesso. Seus contemporâneos ou se desfizeram por conta de mortes, caso da Legião Urbana, ou pro brigas internas, caso do Ira! e do RPM. Estar na estrada há quase trinta anos, ainda que com perdas naturais e forçadas é uma vitória para os paulistas. O grupo não precisa provar nada a ninguém. É grande pelo que fez e não precisa se auto-pulverizar dessa forma. Os fãs entenderiam um fim assumido.



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