terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Grande Pet


É claro que eu não tô pondo esse vídeo por conta da Ana Ameba Brega, mas por conta da entrevista com o craque Petkovic. Aqui temos dois níveis de inteligência distintos, o dela, burra pra cacete falando que a Sérvia pré-guerra tinha dificuldades, e o dele, que a quebra com este trechinho aqui. Atentem a ele.


Ana Maria Braga: Como foi nascer num país com tanta dificuldade?


Petkovic: Quando nasci não tinha dificuldade nenhuma, era um país maravilhoso, vivíamos um regime socialista, todo mundo bem, todos tinham salário, todos tinham emprego. Problemas aconteceram depois dos anos 80.


Eu gosto do Pet. Ele mostra algo que difere o futebolista europeu (e mais velho, os mais novos não são assim, ou são poucos) e o brasileiro: Esclarecimento com consciência.


Desde sempre que chegou ao Brasil, o sérvio encontrou muitas dificuldades pra se firmar definitivamente em algum clube porque ou falava demais (e mal) ou exigia o que lhe era de direito: salários em dia. Deu a sorte de se firmar jogando pelos times do Rio, mais alegre e menos responsável dentro e fora de camp, mas passando por vários clubes, Flamengo, Vasco e Fluminense. E sempre foi um líder dentro e fora de campo, o cara que representava os jogadores junto à cartolagem e brigava por eles, coisa que eles, cartolas odeiam. Jogador de futebol bom é aquele que sabe chutar uma boa e que dá aquelas entrevistas prosaicas sempre terminando com "e se Deus quiser, vamos sair daqui com um bom resultado". Ponto. Pensar, não precisa e nem pode.


As entrevistas que ele dá são um espetáculo à parte. Cheio de articulação, lógica e uma ironia malandramente temperada à brasileira, o atleta, num português perfeito, dá cutucões certeiros em desafetos e mesmo em amigos quando vê que o time não rende ou está com alguma coisa errada. O resultado disso se viu neste ano. Pet carregou o medíocre time do Flamengo nas costas, alimentou de bolas o "Imperador" Adriano, que não sabe fazer outra coisa que não ficar na banheira e foi o melhor jogador do campeonato. Em tese, porque a imprensa esportiva brasileira, que prefere morrer a reconhecer que um estrangeiro é melhor que um nativo, deu o prêmio ao Adriano.


Essa entrevista é a prova de que o cara difere da média. Tivemos os nossos Petkovics noutros tempos, o mais emblemático deles era o doutor Sócrates, craque com os pés e com as palavras.



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