quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

E chegam as Cinzas... Com música

Hoje é Quarta-Feira de Cinzas, o dia que sepulta o carnaval, inicia a Quaresma e, na prática, dá por começado o ano neste país. Uma coisa deve ser dita do carnaval: Apesar da tremenda alienação que ele traz, com desfiles mais profissionalizados e competitivos e menos autênticos e populares, à margem disso, fica a diversão, um restinho de fantasia de quem pode e quer se divertir, tirar os quatro dias para um descanso, uma fuga. E agora, que o carnaval se fina, não há melhor hino para o dia de hoje que a Marcha da Quarta Feira de Cinzas, obra prima de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra. Composta antes de 1964, o fatídico ano do odioso regime militar, o Poetinha “pesca” que a alegria vai se acabar e é preciso ter fé e esperança em sua volta. Infelizmente, Vinicius não viveu pra ver e brincar outros carnavais. O Poetinha morreu em 1980, quando as luzes começavam a se acender para a volta do carnaval por mais que a macacada fardada tentasse apagá-las. Fica aí a bela letra e a bela música.




Acabou nosso carnaval

Ninguém ouve cantar canções

Ninguém passa mais brincando feliz

E nos corações

Saudades e cinzas foi o que restou


Pelas ruas o que se vê

É uma gente que nem se vê

Que nem se sorri

Se beija e se abraça

E sai caminhando

Dançando e cantando cantigas de amor


E no entanto é preciso cantar

Mais que nunca é preciso cantar

É preciso cantar e alegrar a cidade


A tristeza que a gente tem

Qualquer dia vai se acabar

Todos vão sorrir

Voltou a esperança

É o povo que dança

Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis

E há tão grandes promessas de luz

Tanto amor para amar de que a gente nem sabe


Quem me dera viver pra ver

E brincar outros carnavais

Com a beleza dos velhos carnavais

Que marchas tão lindas

E o povo cantando seu canto de paz

Seu canto de paz


Nenhum comentário:

Postar um comentário