segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mico da Semana


O mico da semana vai pra apresentadora e danificadora de mentes infantis Xuxa Meneghel. Ela provou qual é o real sentido de ser uma celebridade neste País em que o termo está mais deturpado, mais deslocado do que nunca. Primeiro foi sua incoerência. Como alguém que se diz ser “povo” andar cercada de seguranças? Povo é povo, anda desnudado de proteção porque é incógnito entre os seus. Outra foi sua má educação e sua ingratidão ao receber o Kikito, o dito Oscar do cinema nacional, por homenagem ao conjunto de sua obra com a “zagalística” frase (bem lembrado por Celso Sabadin em seu texto): “Eles tiveram que me engolir.”


Vamos analisar algumas coisas que ela disse em seu discurso: A primeira, óbvia e já levantada. “Eu sou povo”. Não é. Povo não anda com um séquito tão ostensivo. Seguranças que trataram como um animal um fã da moça. Dentro do estereótipo elitista, o comportamento foi, realmente bem popular: grosseiro. Depois disso, de receber o prêmio fez um discurso agressivo contra quem lhe deu o prêmio. Depois, ela continuou com “Eu não me arrependo de nada. Eu não tenho vergonha de ser povo, de ser loira e vencedora”. Ah, é? Então prove seu não arrependimento e devolva a esse povo as cópias que a senhora mesma mandou apreender do seu primeiro e mais célebre filme. Por razões bem pouco pueris, diga-se. Fora isso foi um festival de auto-reconhecimento, falsa modéstia e violência travestida de agradecimento. Aliás, nisso tudo, Xuxa é especialista. Ninguém na mídia brasileira joga mais confete em si como ela.


A homenagem a Xuxa é questionável e subjetiva. Declaradamente, o fator público e renda (36 milhões de pessoas aos cinemas vendo seus filmes) sobrepujaram a qualidade. Pessoalmente, sou contra porque os filmes são ruins, novelescos, altamente melosos e completamente alienantes. Vão questionar dizendo que filmes infantis têm que ser mais leves. Leveza é uma coisa, imbecilidade é outra.


Mas não tem problema. O cinema brasileiro, salvo raras exceções (que a mídia apressou a chamar de filmes intelectuais que retratam a desgraça humana) é formado por filmes descompromissados com uma verdade, uma formação humana. Alguns, como Se eu Fosse Você, até conseguem sair da mesmice novelesca (porque os filmes brasileiros parecem precisar seguir a fórmula batida das novelas), mas não é regra. Os filmes mais interessantes ou não tem divulgação por não serem comerciais ou não acham espaço em salas, sempre preocupadas em passar blockbusters.


Quanto a Xuxa, ela pode dormir feliz. Se lhe faltava algo era o reconhecimento dos “intelectuais” de Gramado, não falta mais. Que ela volte ao ostracismo em que ela repousa desde que aposentou o título de Rainha dos Baixinhos (e que estragou uma geração inteira) fazendo programas fracos e dando declarações polêmicas que a tragam de novo à baila. Por si só, ela não consegue mais


Nenhum comentário:

Postar um comentário