terça-feira, 9 de junho de 2009

Ah, eu no Uzbequistão...

Luiz Felipe Scolari acertou ontem contrato com o Bunyodkor, do Uzbequistão. Dirigirá a equipe que já foi comandada por Zico e conta com o veterano Rivaldo atuando. A imprensa brasileira, é claro, chiou um monte. Onde já se viu deixar a Europa pra se enterrar no Uzbequistão? Torcedores disseram que Felipão foi pra lá por conta da grana. Houve quem dissesse que Felipão é um ex-treinador em atividade. Eles têm sua razão, mas exageram na porrada.

De fato, não é muito convencional o técnico pentacampeão de uma Copa, terceiro lugar noutra e com um currículo cheio de títulos sair de um incensado Chelsea para o Bunyodkor. Dizer que o dinheiro não teve peso é mentira, mas seria Luiz Felipe, treinador com anos de bagagem, títulos e história ser tão inocente, tão inconseqüente assim numa escolha? Será que, disputado como era e certamente com uma conta bancária no azul, Felipão pensaria só no dinheiro? E a motivação, o desafio? Onde ficam?

O Uzbequistão é um dos tantos países que surgiram com o fim da União Soviética. Tanto lá como em vários deles, Rússia, inclusive, grandes corporações amealharam um dinheiro violento com a privatização de mineradoras ou petrolíferas. E o Uzbequistão é um grande produtor de petróleo e a Petrobrás deles lucrou muito com isso. Resolveu aplicar a dinheirama no futebol. Como fizeram e fazem os xeiques do Catar e dos Emirados Árabes, como faz o dono do Zenit São Petersburgo, como faz, inclusive, Roman Abramovich, dono do Chelsea e ex-patrão de Felipão.

Se parece um suicídio profissional, é bom pegar na história exemplos de grandes pioneiros do futebol que resolveram abdicar da fama e usar o cartaz para cultivar o esporte em rincões onde a bola rola quadrada. Ou não foi o que Pelé fez nos anos 70 ao deixar o Santos e ir jogar no Cosmos ou o Zico ao se tornar herói no Japão. Antes do Zico, quem conhecia o Kashima Anthlers? Se profissionalmente a aventura não foi tão coroada, todos os que fizeram isso se orgulham de desbravar novas fronteiras. E são reconhecidos por isso.

Felipão, junto com Rivaldo e com Zico, são brasileiros que se aventuraram no longínquo Uzbequistão como diversos técnicos atuam nos países árabes. Dirigem equipes em meio aos dromedários gente do porte de Abelão e Paulo Autuori, campeão mundial pelo São Paulo e que estava lá até recentemente. E não houve essa crítica desmedida.

Enfim, não acho tão condenável essa troca que Felipão fez. Certamente, vai transmitir muito do seu conhecimento aos uzbeques como, certamente, também não ficará muito por lá. Seu antecessor, Zico, saiu muito antes do fim do seu contrato e hoje dirige uma equipe na Rússia com sucesso. Quem é bom de verdade não se esconde a troco de nada e não fica tanto tempo escondido.

E caso interesse, vai aí um mapinha pra explicar melhor onde fica o Uzbequistão, esse país que já bateu duas vezes na trave na tentativa de chegar a uma copa.Ainda tem chances remotas de chegar nesta. Se continuar com um trabalho sério, pode estar aqui daqui cinco anos.

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