quarta-feira, 10 de março de 2010

Pelo fim da Sessão das Dez

Muito legal esse projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de São Paulo propondo que os jogos de futebol acabem antes das onze e quinze da noite, pomposamente 23:15. A lei de autoria de Antonio Goulart e Agnaldo Timóteo (sim, ele mesmo) passou na primeira votação e irá para a segunda. É um projeto de lei válido. Os jogos da noite começam às dez horas da noite e acabam à meia noite. Problema grave para quem precisa trabalhar no dia seguinte e mora longe dos estádios. Pense um jogo no Morumbi e o sujeito que mora em Santana ou na Penha voltando pra casa de carro, ou pior, de ônibus. Esse horário absurdo é imposto pela dona Rede Globo que, para não ter que cortar um pedaço da novela ou do Jornal Nacional, obriga a FPF a marcar os jogos de sua competição no horário que melhor lhe convém. A FPF ameaça com retaliações. Caso a lei passe, os jogos sairão de São Paulo.


Está na hora dos clubes, promotores do espetáculo futebol, se organizarem de forma séria e profissional em âmbito estadual e nacional e baterem na mesa. A Federação Paulista nada mais é que uma intermediária que agencia mal e porcamente sua competição usando pesos e medidas diferentes a torto e a direito e a vende por migalhas Na Inglaterra, a Premier League é vendida por quantias bilionárias. Para fazer valer o preço que estipula, a entidade, dirigida diretamente por clubes, agrada tanto os telespectadores com transmissões próprias e muito bem cuidadas quanto os torcedores de estádio. Resultado, os jogos na Inglaterra têm lotação esgotada. O dinheiro, rateado, permite que clubes ingleses contratem o fino do futebol mundial, o que faz valer ainda mais seu já caríssimo produto.


Os clubes deveriam mostrar força diante da FPF e impor sua importância no papel que exerce. Não são eles que jogam? Que mandem a Rede Globo cortar a última parte da novela (o que seria uma bênção já que não dá pra extirpá-la de vez, o ideal) ou adequar a sua programação aos jogos. Um dia na semana não seria de mau tom. Mas enquanto o amadorismo reinar, o epíteto de país do futebol ficará cada dia mais vago e sem sentido. E não se pode deixar que uma emissora de qualidade questionável e caráter duvidoso mande e desmande. Futebol é torcida no campo, vibração e empolgação in loco. O torcedor de casa se agrada mais vendo um estádio cheio.

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