terça-feira, 23 de março de 2010

Grande Nelson

O jornalista e blogueiro Flavio Gomes abriu uma série de matérias (as primeiras são esta e esta) que promete ser ótima sobre Nelson Piquet. Depois de pesquisar e nos apresentar momentos grandiosos de Ayrton Senna, o Gomes resolveu falar sobre nosso outro tricampeão. E isso rendeu acalorada discussão nos comentários entre sennistas e piquetistas. Quem foi o melhor? Ambos têm três títulos, mas Senna ganhou mais corridas e o resto é puro subjetivismo.


Na opinião deste blogueiro, sem desmerecer os louros conquistados por Senna, Piquet é melhor. Um grande piloto e uma figura lendária fora das pistas. Se em sua carreira, Senna fez questão de ostentar o brasileiro vencedor, aquele que vibrava e erguia no pódio a bandeira do Brasil, Nelsão não fazia por menos. Venceu tantas provas, subiu no lugar mais alto do pódio e mereceu o Tema da Vitória tão identificado com Ayrton, mas que – e poucos sabem disso – foi criado para Nelson Piquet.


Fora das pistas, a coisa entre ambos sempre foi distinta e quase opositiva. Se Ayrton representava o bom moço, Nelsão foi sempre o anti-herói. Isso lhe rendeu a pecha de arrogante, de grosseiro. O que não se fala, por ignorância ou conveniência, é que Piquet surgiu na Fórmula Um sem qualquer olhar mais atencioso da imprensa brasileira que, nos primórdios, jamais deu o cartaz merecido ao então jovem piloto. Sua ascensão na categoria, no entanto, terminou chamando a atenção da mesma imprensa que o ignorava. Como retribuição, Piquet fazia questão de não conceder entrevistas para ela. Daí sua “arrogância” e a simpatia dessa imprensa ao novato Ayrton que dirigia a Lotus enquanto Piquet era campeão pela Willians.


Nas entrevistas que dava, Piquet era – e ainda é – de uma sinceridade rascante e de um sarcasmo quase perverso. O surgimento e estabelecimento de um Senna talentoso contra um Piquet já veterano, mas ainda competitivo e as tantas histórias, muitas fundamentadas e outras tantas lendárias, ocorridas nos padoques alimentou uma rivalidade entre ambos pilotos e foi fomentada por uma paixão futebolística entre suas torcidas. Piquet se aposentou da F1 em 91, ano em que Senna se sagrava tricampeão, mas mesmo fora das pistas, Nelson ainda era aclamado. Os debates apaixonados nas postagens do ótimo blogue do Flavio Gomes só atestam que, quase vinte anos sem os dois correndo juntos, essa paixão permanece viva. E até este que vos escreve toma partido com um trecho de uma entrevista sensacional do velho Nelsão.




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