sexta-feira, 3 de julho de 2009

O caro que não vale

E de repente, o personagem principal, tão exaltado, não faz o mínimo do que fazia o coadjuvante

Se me perguntarem qual das séries decisivas entre times brasileiros, a final da Copa do Brasil entre Corinthians e Internacional ou a semifinal da Libertadores entre Grêmio e Cruzeiro, me despertou mais emoção e interesse, cravo convicto na segunda. Não pela importância da competição, mas mais pela imprevisibilidade do confronto. Claro que Corinthians e Inter são, hoje, os dois melhores times do Brasil, mas um por um o colorado gaúcho leva vantagem sobre o time paulista. Um ataque fulminante com Nilmar, D’Alessandro e Taisom contra uma defesa sólida com Chicão e Willian e na frente o diferencial do time, Ronaldo que, nessa decisão, não foi tudo isso. Mas a imprensa precisa exaltá-lo. O Corinthians ganhou o título, sim, com méritos próprios, mas brilhou a estrela de Jorge Henrique, no papel um carregador de piano e não o artista. Também o Inter tropeçou nas próprias pernas.

Enquanto isso na outra decisão, Grêmio e Cruzeiro se equivaliam. Se o Cruzeiro tem Kleber, o Grêmio tinha Maxi López e Souza além da melhor campanha da competição e, até o jogo da semana passada, a invencibilidade no torneio. Trunfos a favor do tricolor gaúcho. Trunfos conquistados com um técnico interino, Marcelo Rospide, que esquentou o cargo entre a saída do bem sucedido Celso Roth e a chegada do incensado Paulo Autuori que chegou com pompa e circunstância, mas teve aproveitamento visivelmente inferior ao antecessor culminando numa fase final pífia e numa flagrante inferioridade que custou a eliminação de um dos times mais positivos do primeiro semestre.

Pessoalmente, nunca achei Paulo Autuori nada do que dizem. Técnico de ponta, vencedor, ofensivo... Nada disso. Vencedor de quê? Ganhou um dos campeonatos brasileiros mais favorecidos pela arbitragem que foi o de 1995 para depois cair no ostracismo ganhando um estadual aqui e ali. Depois dirigiu times em centros menores como Peru, Japão e Oriente Médio pra voltar ao Brasil e dirigir um São Paulo desenhado pelo seu antecessor, Leão. Sem mudar nada no que estava pronto, ganhou uma Libertadores e, pouco depois, num lance de sorte, com um gol fortuito, ganhou um Mundial. Isso deu ao São Paulo o título tão sonhado, transformou um jogador mediano num craque intocável – até para a história do clube – e um técnico mediano num gênio. Voltou ao Oriente Médio com o selo de vencedor, mas ficou por lá e foi ressuscitado pelo Grêmio este ano e trazido a peso de ouro. Seu verdadeiro trabalho está aí. Aproveitamento muito abaixo do esperado.

O Grêmio, se não é um time de encher os olhos, também não é um bando de pernas-de-pau. Vou assinar meu papel de Salman Rushdie dos gremistas, mas, é um time muito inferior ao Internacional, o que não quer dizer (e que isso valha como minha atenuante e absolvição) que seja um time ruim. Pelo contrário. Ninguém faz uma campanha perfeita na Libertadores com um time meia boca. Material o Grêmio tem, até, pra postular um título brasileiro, mas lhe falta um técnico vencedor. Rospide provou saber tirar muito mais do Grêmio do que Autuori. Ontem, a torcida tricolor já começou pôr as barbas de molho com o técnico. Deveria ter feito isso quando da sua vinda e não acreditar num currículo estrelado. Nem sempre títulos significam competência. É preciso ver como eles chegaram.

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