sábado, 11 de julho de 2009

As mesmas (e velhas) Emoções

Hoje tem show do Roberto Carlos no Maracanã. 50 anos de carreira do velho Roberto a quem me recuso terminantemente de chamar de Rei. Primeiro porque sou anti-monarquista e segundo porque,como todo rei, ele está ficando velho, anacrônico e distante de seu público. Se é que ele foi realmente próximo dele algum dia.

Perguntarão “Você não gosta do Roberto Carlos?” Gosto. Acho as músicas antigas dele sensacionais. Mas o grande problema está aí. Tudo o que é bom do Roberto é antigo. Sua fase áurea já dobra quarenta anos e vem de pelo menos uns trinta anos que ele não produz nada que – ao menos – iguale aquilo que na sua época áurea podia se chamar de legalzinho. Tudo é muito ruim.

Não sei se o fato dele ser quase um funcionário da Globo foi o que o estragou ou se, simplesmente, o gás acabou, o que é o mais provável. Todos os grandes dos anos 60 não conseguiram reaver em tempos modernos seus melhores dias. Caetano gravou um bom disco, mas tem tempo que não escreve nada que lembre Sampa ou Trilhos Urbanos. Como intérprete, no entanto, vem se saindo bem. O mesmo se aplica a Gil. Chico Buarque grava quando lhe dá na telha sem a obrigação que seus contemporâneos se impuseram de ficar na mídia. Escreveu um ótimo livro, mas musicalmente grava seus disquinhos longe do calibre da Ópera do Malandro.

Roberto, no entanto, se expõe demais na Globo (na mídia é exagero). Todo ano tem um disco, todo ano uma apresentação enfadonhamente igual, se apresenta com gente que não tem nada a ver com a sua música (Jota Quest, Claudia Leite), gente que o reverencia, claro, afinal – goste ou não – o homem é um capítulo na música brasileira. Mas, como todos os seus contemporâneos – até mais que eles –, não se renova. Roberto passou a ser aquele cara que a sua mãe e sua avó gostam, mas que não diz nada a quem tenha menos de vinte anos. Em 2001, ele gravou um CD acústico com o selo da MTV em que revisitou alguns dos seus velhos e bons clássicos da Jovem Guarda e de sua fase soul, mas sem se jogar. Lógico que não se espera que Roberto vá dar moshes no palco ou coisa parecida, mas falta a ele conquistar novas levas de fãs. Deixar de ser previsível, o cara que começa o show com Emoções, passa por Detalhes e termina com Jesus Cristo. Dizem que nesse show do Maracanã, ele vai revisitar alguns dos seus clássicos esquecidos. Seria ótimo. O repertório d Roberto Carlos é tão bom e tão vasto que, numa antologia da suas melhores trinta músicas nenhuma das novas ou das suas favoritas entraria.



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