sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Elegia 2009

Onde você estava há exatos oito anos atrás?


Eu vinha de um trabalho de campo da faculdade pela região, Martinópolis, onde fomos conhecer uma cooperativa de catadores de lixo reciclável quando, ao voltar, alguém veio me contar que dois aviões haviam se chocado contra as torres do World Trade Center e um terceiro contra o Pentágono. O clima era de consternação e surpresa. Da minha parte, eu achava que era tudo uma grande piada. Quando alguém teria coragem de jogar um avião contra o Pentágono? Fui pra casa.


Ao chegar, a programação da TV estava suspensa. Só se falava sobre os atentados terroristas. Uma das torres atingidas tinha tombado. A segunda tombou logo depois. Com o tempo, o número de mortos aumentava, corpos encontrados. O país mais poderoso do mundo sofreu um golpe fundo em sua cidade principal, Nova Iorque, num de seus principais centros financeiros e no principal centro militar. E por pouco, um quarto avião, cujo plano era ir contra a Casa Branca, não lograva êxito. Foi abatido pela força aérea dos Estados Unidos.


As conseqüências desse ataque, que revelou ao mundo a existência de um certo Osama Bin Laden e mostrou o quão era detestada a figura da Águia Ianque opressora, sobretudo nos países muçulmanos, vivem em nossa realidade até hoje. Houve quem apoiasse os ataques mundo afora. Nos EUA, o clima de insegurança frente aos “bárbaros” foi decisivo para que George W Bush, até então muito impopular, se refizesse como o líder contra uma cruzada antiterrorista, que na prática foi uma caça às bruxas árabes. Bush foi reeleito para um segundo mandato e nele continuou sua caça contra os inimigos da América. Pra isso, não poupou esforços, muito menos dinheiro, para invadir Afeganistão, Iraque e propor outras invasões a Sudão, Síria e Irã, essas não-realizadas. Nesse caminho, Bush abriu um tribunal de exceção, algo extremamente antidemocrático, para julgar e punir Saddan Hussein e caçou em todas as cavernas do Afeganistão Osama Bin Laden. Sem sucesso.


Hoje, ainda há nos Estados Unidos um clima muito armado contra estrangeiros. Sobretudo contra muçulmanos. Os velhos e conservadores WASP, os brancos protestantes de origem anglo-saxã, mantém-se mais e mais arrogantes frente a latinos, negros e árabes. Com razão, claro, mas desmedidamente. A verdade é que, mesmo sem esse ataque, as coisas não seriam tão diferentes ou amenas. Bush, como republicanos, texano e recém convertido nunca viu com bons olhos a diferença religioso-cultural. Críticas pesadas contra os governos fundamentalistas no Oriente Médio. Não que eles sejam exemplos de retidão política, mas para um País que na primeira metade do século XX tolerou abertamente o racismo e depois disso, manteve tal tolerância velada, criticar um regime pouco afeito a humanidades é algo incoerente.


Certamente, em vários pontos do mundo haverá minutos de silêncio, homenagens póstumas aos mortos daquela manhã de terça-feira. Nos EUA pipocarão salvas de tiros e várias lembranças. O presidente mudou. Obama é mais cauteloso e menos vingativo. A verdade é que o 11 de setembro será uma ferida que não vai cicatrizar nunca. Sempre houve, por parte do povo dos EUA, uma grande diferença quanto ao que vem de fora. Os atentados só vieram a piorar a situação. Pelos mortos naquele dia, que nada tiveram com o que acontece, ficam os sentimentos. Pela postura estadunidense frente ao mundo, arrogante e ensimesmada, o golpe foi uma lição que deveria ser aprendida e – infelizmente – não foi. Não há impérios eternos nem inatingíveis. Pena que inocentes tiveram que nos mostrar isso.


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