quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre craques e ídolos

Hoje é um dia interessante para o futebol. À tarde, o Corinthians da o pontapé inicial em sua temporada centenária contra o Huracán, da Argentina e promove a despedida de Marcelinho Carioca do futebol, a oficial. Enquanto isso, em Santos, o Alvinegro apresenta Giovanni. Há algumas incongruências bem como há “oficialidades” demais.


Primeiro, vamos com Marcelinho. Despedida dele é forma de dizer. O futebol já lhe abandonou faz tempo. O homem tem 39 anos e fazia recreação paga no Santo André. Nas horas vagas, era jogador do Corinthians. Com direito a uma vinda para Prudente patrocinada pela loja oficial do clube aqui. Marcelinho não figuraria em qualquer seleção séria do Corinthians de todos os tempos, mas é inegável que foi o último ídolo real do time. Para os mais novos que não viram Rivelino, Sócrates ou Neto, Marcelinho foi o cara que melhor honrou a camisa do time tendo uma fase muito boa no fim dos anos 90. Foi o perfeito anti-herói. Resolveu em campos algumas vezes (noutras enterrou o time) e fora dele foi só encrenca. Sua história com o clube se encerrará hoje com uma festa que lhe é merecida.


Enquanto isso, em Santos, Giovanni volta, pela terceira vez, ao clube que lhe projetou. Giovanni foi para o Santos o que Marcelinho foi para o Corinthians, mas em menos tempo: Um ídolo. A diferença é que para ele faltou um título que lhe garantisse maior prestígio. Assim como Marcelinho, Giovanni volta ao clube com glória e admiração. Não tem mais o vigor de antes uma vez que já estica a sua carreira. Mas, diferente de Marcelinho, que faz sua última partida, Giovanni tem alguma lenha pra queimar. Para a torcida do Santos, que não tem Ronaldo pra fazer vibrar nem resolver, é um ótimo alento. O time ganha um craque com alguma sobrevida e um líder em campo.


Essa fase que o futebol atravessa com jogadores de mais idade sendo atrações é boa para todos quando feita da forma que Santos e Corinthians a conduzem. Talvez Marcelinho pudesse fazer uma série de jogos pelo Corinthians no Paulista, sobretudo no interior. Para a fanática torcida corintiana de cidades como Mirassol, por exemplo, seria a oportunidade única de ver Roberto Carlos, Ronaldo e Marcelinho atuando juntos comandando uma geração de novos talentos que vingam. Não seriam a solução numa Libertadores, mas um chamariz no Paulista, torneio que o Corinthians fará ilustre figuração. O Santos terá em Giovanni sua grande atração num time modesto. Não se pode chamá-lo de salvador da pátria, mas ele fará bom papel. A idéia de fazê-lo o Petkovic da Vila é exagerada, mas o papel será dignamente exercido. Com a mesma maestria do sérvio que levou o Flamengo ao título? Dificilmente.


O que vale é ver velhos ídolos em times com os quais se identificam. Falta isso no futebol comercial e cheio de cifras: Identificação, jogador que tenha o clube na rosto. Dessa forma, ver veteranos com a camisa que já vestiram e fizeram bonito não se torna degradante, oportunista ou artificial. A história os salva de qualquer ridículo e que vier agora é só um epílogo que não vai viciar nem comprometer a obra toda.


Enquanto isso, em Brusque, Santa Catarina, Viola, aos 41 anos defende seu enésimo clube. O moleque que vê essa cena não acreditaria fácil que há 22 anos, Viola deu um título paulista ao Corinthians e fez a alegria da maloquerada imitando um porco após fazer um gol contra o Palmeiras. Um contra exemplo perfeito.

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