quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Direto do Haiti



Às vezes fico pensando em certas infelicidades (porque “azar” é uma palavra meio pesada) de certos lugares. Vem á cabeça um país como o Haiti que nasceu dominado pelo império francês, teve um evento de grande valor histórico, a independência obtida pela liderança de um escravo, Toussaint Louverture, bem como ter sido o primeiro país latino americano a conseguir se livrar de sua metrópole. Infelizmente, a glória deste passado foi enterrada por anos e anos de governos corruptos, conflitos partidários, intervenções estrangeiras, sobretudo de Washington, e golpes militares. Destes brotaram excrescências humanas como a família Duvalier e os nefandos Papa e Baby Doc devidamente apoiados pelos Estados Unidos e terminando no governo eleito de Jean Bertrand Aristide, que foi deposto pelos militares e reempossado. Mas tranqüilidade política é uma expressão que vive longe do país, que vive sob intervenção da ONU com militares brasileiros ajudando no combate à violência. Economicamente, o Haiti também viveu um verdadeiro caos. A instabilidade política levou o país a uma situação social deplorável. O país é o mais pobre de todo o continente americano e conta com um dos piores índices sócio-econômicos do mundo.


Como se não bastasse, esta noite, o país foi vítima de um terremoto de grandes proporções, 7.3 na escala Richter que chega a 9. As cenas que nos chegam são de uma verdadeira catástrofe. O hospital foi o primeiro prédio a ser abalroado como também foi o prédio do governo. Ainda não há uma contagem certa de baixas. A comunicação com a capital Porto Príncipe está interrompida e só temos o choque de imagens fortes e tristes. É uma pena que países vítimas de tantos fatores humanos ainda tenha que ser alvo da fúria da natureza. Vários países, o Brasil inclusive, já se mobilizaram enviando ajuda humanitária para o Haiti, mas infelizmente, a ajuda humana, a mais necessária e urgente desde sempre, essa nunca chegou.

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