quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um campeão bem alternativo


Você já ouviu falar de Papua Nova Guiné, país que divide a ilha de Nova Guiné, no Oceano Pacífico? E do Hekari United, já ouviu falar? Pois esse obscuro time do distante país, semiprofissional, bateu neste domingo o Waitakere City, da Nova Zelândia, e se sagrou campeão de clubes da Oceania. Isso lhe garante o direito de disputar o Mundial de Clubes promovido pela FIFA em dezembro, nos Emirados Árabes. O Hekari é o segundo time a conseguir vaga no torneio. O primeiro foi o Pachuca, do México, que ganhou a Concachampions, torneio das Américas dos Norte e Central.


Prato cheio para os críticos que dizem que o Mundial é um torneio de baixo nível em que apenas os campeões europeu e sul-americano fazem valer o ingresso e que defendem que times como o Hekari deveriam ser excluídos de um torneio internacional. Grande bobagem. Feito isso, voltaremos aos moldes da taça intercontinetal reunindo os campeões do velho e do novo mundo. Apesar da fama de título mundial, o nome é indigno uma vez que quatro continentes ficavam excluídos da disputa.


É impensável um sucesso do Hekari, claro. A seguir os moldes dos torneios anteriores, o time entrará na fase preliminar disputando vaga com o campeão do país sede, (no caso, os Emirados Árabes, o que me faz defender a tese da sede desse torneio ser itinerante). Não será um jogo exatamente vistoso, pois nem os caminhões de dólares dos emires e dos xeiques do petróleo que trazem craques do mundo todo para encerrar as carreiras no Oriente Médio conseguiram fazer os times locais serem competitivos. Prova disso foi o sucesso a vitória do Auckland City, neozelandês, sobre o time árabe do Ahli, de Dubai. Foi uma grande festa para o time, também semiprofissional, que foi eliminado depois pelo Atlante do México. O exemplo existe e não parece ser impossível, se houver superação do time da Nova Guiné, que a história se repita, o que já seria outra grande marca.



De mais a mais, o Hekari será uma novidade no torneio. Sonhar com uma disputa do time contra a Inter, o Bayern de Munique, o Cruzeiro, o São Paulo ou o Corinthians é utopia, Mas o torneio seria uma vitrine excelente. Primeiro para os apaixonados do futebol marginal, pouco falado nas grandes mídias. Depois para os clubes de melhor porte. Há a possibilidade de olheiros descobrirem talentos brutos a serem lapidados, nunca se sabe. Além disso, não há como um pequeno crescer se não for experimentado contra grandes. No caso do Hekari, o primeiro passo foi dado ao superar um time neozelandês, país que sobra num continente onde o futebol não é o esporte principal perdendo para o rúgbi. Há muito a ser feito. Mas a classificação e o surgimento em escala mundial de um time de um dos países mais pobres do mundo é sempre bem-vindo para os curiosos e apreciadores de novidades.

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