Mundão de gente

Acabo de ler que esse ano a Índia fará seu recenseamento, atividade que no país é decanual. Para esse ano, e em todos os aspectos os números são assombrosos. Segundo o Le Monde, serão 2, 5 milhões de entrevistadores que levantarão detalhes sobre uma população que se, estima-se, bate na casa do bilhão e duzentos milhões. Ainda menos que a vizinha China, mas com possibilidades de superação se entendermos que, diferente da vizinha, a Índia não conta com a política do filho único.

Os números do último censo dão um cheiro do que se promete nesse. Segundo o jornal francês “No recenseamento de 2001, 6.661 línguas maternas e 2.800 religiões foram contabilizadas. 72% da população vivia então no campo, e dos 80 milhões de habitantes recenseados como “população tribal”, 3 milhões viviam totalmente isolados nas montanhas ou florestas.”

A Índia é o I do BRIC, países que comandam o grupo dos que estão em desenvolvimento assim como Brasil, Rússia e China. No entanto, a Índia é o mais heterogêneo e multifacetado dos quatro, mais que a própria Rússia, que abarca em suas fronteiras um grande punhado de nacionalidades e línguas. A grande diferença entre a Índia e os outros é o número de línguas e povos e a grande parcela que está à margem das benesses que o BRIC oferece. Muito dos indianos são analfabetos e vivem abaixo da linha da miséria. Inclui-se nisso, o fator religioso uma vez que, mesmo que haja a progressiva libertação das amarras mais cegas do hinduismo, são nesses rincões menos favorecidos onde as tradições persistem e os parias, os sem casta, seguem relegados à própria sorte.

O censo indiano promete também mostrar o lado “bom” da moeda, aquele que mostra o crescimento desenfreado de uma classe média mais abastada que tem acesso a bens supérfluos. Num país em que essa faixa abarca uma fatia tão grande quanto toda a população brasileira, isso pode ser um ótimo incentivo para comerciantes e um perigo para o meio ambiente e para o consumo de recursos naturais.

Enfim, o censo indiano nos trará muitas surpresas e aclarará dados dos quais se suspeitavam. Quando ele for concluído, em 2014, teremos acesso a números monstruosos e novos sobre esse pequeno continente em forma de país.