quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Uma Revolução em quadro

Hoje se comemora os 60 anos da Revolução Comunista na China, quando Mao Tse-tung invadiu Pequim e apeou Chiang Kai-shek e seus simpatizantes para a Ilha de Taiwan. A partir daí houve a Revolução Cultural e o chamado Grande Salto pra Frente, com teses louváveis, mas que, na prática deram muito errado. A primeira foi um desastre educacional que limou grandes pensadores chineses que, eventualmente, se colocaram contra o Regime. O segundo, que visava transformar a China de um país agrícola em uma potencia industrial, sem um planejamento de transição, custou a vida de milhares de agricultores, uma vez que o modelo agrário era considerado ultrapassado pelo governo.


Porém, os esforços daquela época se vêem nos dias atuais. A China é um país altamente industrializado, com educação básica e superior de qualidade e, sem dúvida, uma potência que cresce a olhos vistos. Mas quanto do ideário de Mao há na China de hoje? Ideologicamente, muito pouco. A Revolução Comunista na China deu lugar a uma economia de mercado violenta. Primeiro com as Zonas Especiais e depois até as principais cidades do País, o que existe na China hoje é cada vez mais um pragmatismo capitalista que, sim, aufere riqueza e um certo desenvolvimento, mas obrigatoriamente fabrica bolsões de pobreza e muita exclusão social. Pra se ter uma idéia, avalia-se em 300 milhões o número de desempregados naquele País. Isso dá mais que a população brasileira ou estadunidense.


O que sobrou na China daquela Revolução, além dos ensinamentos do Livro Vermelho, transmitido nas escolas, seja a pouca tolerância quanto à discrepância de pensamento e um código de leis capital dos mais brutais que existe e que já foi objeto de debate, até, no próprio parlamento. Ranço comunista? De forma alguma. O que vemos em Honduras hoje é igual, embora menos proporcional, e não tem nada de vermelho, a não ser o sangue.


Ainda assim, com muitos erros e alguns acertos, a Revolução Comunista foi festejada no País com uma suntuosa parada militar, algo no qual os chineses também se destacam e que ficou dos tempos realmente comunistas. Porém, na atual realidade, Mao observa a China que construiu de um quadro num país que se afasta mais e mais do que ele imaginou.



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