Ontem em Cabinda, Angola, às vésperas da Copa Africana de Nações (CAN), a seleção de Togo foi metralhada enquanto viajava de ônibus. As notícias são desencontradas e dão conta de um jogador alvejado no rim e em estado grave. Como é um lugar mais afastado e sem as “modernices” tecnológicas e informação expressa, as coisas se desencontram. Fala-se de mortes, da desistência da seleção togolesa do torneio. Certo é que o motorista, angolano, que conduzia o ônibus morreu. De qualquer forma, o fato de haver um atentado contra uma equipe de futebol é algo grave, muito grave, às portas do Mundial na África do Sul.
Longe de comparar Angola com a África do Sul. Esta é um dos países mais ricos e modernos do continente e merece a primazia de sediar o evento. Aquele é um país que vem de uma guerra civil recente e é um dos mais pobres do mundo, com um dos piores IDHs registrados e que ainda tem muitas feridas abertas. Mas a proximidade geográfica (Angola até há pouco, fronteirava com a Namíbia, ex colônia sul-africana e havia influência sul-africana num dos lados da guerra civil no País) e o clima de animosidade pede que se haja certos cuidados.
Para dar mais consistência ao já grosso caldo que embebe a tensão no lugar, Cabinda é um enclave angolano na República Democrática do Congo e uma região rica
Seria algo para cancelar o torneio? É uma resposta complicada. A organização da competição bem como a Confederação Africana de Futebol deveria, senão prever, pelo menos contar com a possibilidade de haver represálias armadas. O torneio de futebol seria uma ótima chance para mostrar que Angola se refaz bem dos anos de guerra civil que seguiram à independência do País. Angola vem recebendo volumosos e questionáveis investimentos estrangeiros, sobretudo chineses, e vai se reconstruindo. A aparição num torneio regional deveria ser um chamariz interessante. O País, certa forma, contava – como seus vizinhos – ser uma sub-sede de preparação para a Copa na África do Sul. O idioma português e a proximidade cultural com Brasil e Portugal seriam fatores de aproximação para as duas seleções. Infelizmente o atentado e o despreparo da organização quase atribuindo a culpa à seleção togolesa, que deveria se movimentar de avião e não de ônibus fazem com que as coisas sejam complicadas e que colocam em xeque a própria viabilidade do torneio.
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