sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Miragem no deserto

Coisa estranha esse problema da moratória em Dubai. Eu não entendo muito de economia, mas é algo que, de certa forma, eu previa. Qualquer lugar que tem muito dinheiro e há gastos desenfreados, uma hora a mina seca e haverá uma escassez. Dubai é uma cidade que, como disse Flavio Gomes, não existe. Surgiu do nada via petrodólares, cresceu de forma desembestada e como se fossem palmeiras e tamareiras, brotaram gruas e prédios do chão. Construções nababescas, coisas impensáveis para um país desértico. Uma hora, isso ia acabar. Seria um mini-crash como o de 1929, mas bem menos fatal. Sim, porque apesar de ser um lugar onde o dinheiro corre a rodo, num plano global, Dubai, bem como os Emirados Árabes (Dubai é um dos sete que compõem o país), é pouca coisa. Um lugar turístico, não financeiro. Claro que pode ser a primeira peça de um dominó que vai se refazendo de um grande golpe ano passado. No Brasil, segundo o BC, a crise em Dubai não afetará a economia. Talvez não afete mesmo. Dubai não é Xangai e os Emirados Árabes não são a China onde, além de construções, estão investimentos grandiosos e de onde sai quantidades vultosas de dinheiro. Mas fica mais uma lição. Se há uma gastança desenfreada, como vem tendo em Dubai, no Catar e em outros países da região, uma hora, esse excesso será cobrado (no caso, literalmente, por bancos e credores nada afeitos ao verde das palmeiras, mas a outro) e é preciso ter como resolvê-lo. Dubai não teve. O capitalismo não tem. As crises nascem disso. Claro que, via negociações entre os xeiques e os banqueiros, a questão seja postergada, as dívidas sejam renegociadas e, claro, outras dívidas sejam contraídas. Não haverá uma solução, apenas um paliativo. Assim se gue o mundo das altas rodas enquanto bilhões de pessoas precisam de mais um dólar pra comprar comida.

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