sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Exagerado, mas sensacional!

Ontem passou o Por Toda Minha Vida falando sobre o Cazuza. Via de regra, não gosto dos programas da Globo, muito menos dessas homenagens póstumas. Soa como algo piegas aquela coisa de amigos falando “como ele era importante”, “o vazio que ele deixou” e outros blábláblás. Mas o programa de ontem me surpreendeu.


Assistindo tive mais embasamento pra algo que sempre defendi em relação ao Cazuza, ele era um gênio. Mais que isso, ele é um daqueles que nasceu no tempo errado, tipo Raul, Kurt Cobain, Noel Rosa, Renato Russo. Gente cuja genialidade não se encaixa num lodo medíocre no qual vive a maioria. Qual a fuga pra isso? Ou a loucura desmedida ou as drogas. Cazuza transitou pelos dois caminhos.


O mais surpreendente foi ver como a Globo, que se destaca pela bundice e pelo ultraconservadorismo, abordou as relações homossexuais do Cazuza, sobretudo com o Ney Matogrosso, que em depoimentos deixou claro como era a relação entre os dois. Nada diferente de amigos de sexo distintos que extravasam a amizade para a cama. A diferença é que são dois homens. Já li várias entrevistas do próprio Ney nas quais ele desfia esse envolvimento com o rapaz.


No campo musical, o programa deixou claro duas coisas. Uma é que Cazuza destoava da média geral do rock por incluir em sua obra elementos brasileiros. Nada mal. Cazuza tinha influências gritantes de MPB, de bossa nova, dos cantores de rádio, de samba. Um roqueiro com influência de Cartola? A outra é que esse ecletismo incomodava seus pares (foi um dos tantos fatores que desaguou na separação do barão Vermelho) enquanto fortalecia Cazuza no seu trabalho solo. Tanto que estamos falando de um sujeito que morreu aos 32 anos, gravou três discos solo e três com sua banda e em pouco tempo deixou hinos inesquecíveis.


Citando Renato Russo, os bons morrem, mesmo jovens. Enquanto isso, gente sem talento, vazia e que, na falta de ter o que dizer, critica o lado mais superficial de Cazuza. Essa psicóloga deve ter sido formada numa das unibans da vida. Enquanto isso, o programa serviu pra uma última conclusão: Cazuza foi um daqueles que viveu intensamente e vida e morreu feliz, ainda que de forma trágica. E isso não é pra qualquer um.



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